quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Rendas e afins

Hoje a ver um dos programas da manhã ouvi um caso onde um senhor vivia num carro porque a Seg. Social tinha deixado de pagar o seu quarto. Este senhor precisava de fazer o pedido para receber esse apoio mas não tinha a quantia (cerca de) 50€ para pedir uns papeis que lhe faltavam... parece que neste país, até para ser um pobre com direitos é preciso ter-se dinheiro.

Para além disto já ser revoltante, revolta-me mais uma outra questão: Existia um quarto disponível (caso a Seg. Social pagasse) pela módica quantia de 250€. A sério? 250€ por um quarto?!
Não acho normal. Desculpem mas não acho normal. Num país onde a grande maioria recebe uma "miséria" pedirem 250€ por UM QUARTO é um exagero. Aliás, a meu ver, é precisamente o exagero do preço das rendas que leva a que a maioria dos portugueses optem por comprar casa e não arrendar - comprar fica mais barato sendo que, no final, a casa é "nossa".

Eu tenho vindo a conseguir evitar esse encargo, tenho tido a sorte de conseguir boas casas para arrendar (não são palácios, nem casas novas a estrear) mas são casas com boas condições, arrendadas com valores justos. Já vivi numa casa onde pagava precisamente 250€ por um T3 e agora dou pouco mais e estou numa moradia isolada. Se não tivesse conseguido este tipo de valores jamais arrendaria. Jamais. Porque me compensaria muito mais comprar, porque os gastos da mensalidade mais os impostos não chegariam aos valores que são propostos como renda na grande maioria dos imóveis disponíveis nos mercados. Como querem liberalizar e dinamizar o mercado de arrendamento quando compensa muito mais comprar? O apartamento que era "vizinho" do meu, exactamente igual estava a ser arrendado por 350€, por uma imobiliária; vejo casas como as que estou , na minha zona, com rendas entre os 400€ -500€, algumas com piores condições ou muito mais pequenas que a "minha"... não acho normal, nem acho sustentável. Conheço pessoas que querem que os inquilinos lhes paguem a mensalidade que devem ao banco da casa que arrendam (onde no próprio empréstimo está o carro novo que compraram na altura, a mobília que depois foi retirada e outras coisas) e ainda lhes mantenham a casa que habitam...desculpem mas isso não é um mercado, é exploração.
Caramba, eu tenho famíliares a viver nos arredores de PARIS a pagar 500€ por uma casa...-.- e ganham bem mais que os comuns portugueses. Mas mesmo em países como a Suiça onde a comparação directa mostra casas bem mais caras que Portugal , em comparação com o ordenado mínimo de lá, são bem em conta e facilmente sustentáveis.

E falo de casas normais, não de casas luxuosas ou extremamente grandes...

3 comentários:

  1. Infelizmente também conheço o outro lado. O meu avó têm inquilinos e têm uma senhora que paga 50 euros, sim 50 euros, por mês isto porque está lá há muitos anos. Ainda me lembro da altura que ela pagava apenas 25 euros por mês. Acho que o problema está aí as rendas foram subindo muito pouco e agora tiveram uma subida grande repentina e nem os inquilinos podem pagar nem os proprietários.

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    1. Sim sem dúvida que existe esse lado e também não acho que os proprietários devam servir de "beneméritos" e ficarem com prejuízos. Falo de valores justos para ambas as partes.
      Infelizmente os valores tão baixos de renda, por norma, não trazem nada de bom para ninguém - um inquilino que pague 50€ não pode requerer que seja feita a manutenção pelo proprietário pois este não tem essa margem de lucro para o poder fazer; e pessoas como o teu avô mesmo querendo preservar o seu património assim não conseguem.
      Eu referi-me mais "ao outro lado da moeda" porque, actualmente falasse muito das rendas baixas, de dinamizar o mercado de arrendamento mas ninguém diz por quanto estão a ser arrendadas as casas actualmente. Porque as rendas baixas existem e são um grave problema mas são contratos com muitos anos, agora encontrar uma renda justa é como encontrar uma agulha num palheiro e conheço muitas pessoas que são quase "empurradas" para a compra de casa porque lhes fica muito mais barato do que se as arrendarem. E isso é, a meu ver, nos tempos que correm uma incoerência enorme.

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