sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

SOS Toking

Durante a idade da parvalheira eu e a Susana éramos amigas, fomos muito próximas e sempre pude contar com ela. Foi das amizades mais sinceras que já tive na vida e ela foi, sem dúvida, das melhores pessoas que já conheci.

Já em escolas diferentes, com horários diferentes passamos a estar muito raramente juntas. Isto aconteceu num tempo em que ter saldo no telemóvel era uma coisa pouco frequente, chamadas ou mensagens gratuitas ainda eram um sonho bem distante e os telemóveis serviam-nos para pouco mais do que receber as chamadas dos nossos pais e o saldo estava reservado para as chamadas de emergência (para os mesmos).

Há uns 12 anos, num sábado, a Susana mandou-me um SOS Toking. Era a nossa forma de comunicar. Enviávamos SOS Tokings ou dávamos toques só para dizer que nos lembrávamos da outra, que estávamos lá apesar de não estarmos juntas. Quando o recebi pensei em responder mas estava a limpar a casa (e a minha mãe detestava ver-me com o telemóvel) e, depois, esqueci-me. Não lhe respondi.

Uma semana depois a Susana foi atropelada e nunca mais tive oportunidade de responder.

Haverá poucas coisas nesta vida que me terão perseguido durante tanto tempo como aquele Toking não respondido. Não me conseguia perdoar o facto de não lhe ter retribuído, o facto de me ter esquecido dela, o facto de ter perdido a última oportunidade de comunicar com ela.

Hoje ao ler um segredo no Shiuu lembrei-me dela, também eu nunca apaguei o número dela, ele desapareceu uma vez quando apanhei um vírus, uns bons anos depois.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Relatos na primeira pessoa

Hoje ouvi uma Brasileira que está a fazer Erasmus em Portugal a dizer umas coisas que me deixaram mesmo pensativa.

A rapariga é de S. Paulo e dizia ela que tinha estranhado algumas coisas que por cá se fazem.
Diz ela que por lá as pessoas não saem até tarde por receio de serem assaltadas, a maioria está em casa ainda antes das 22h (antes de escurecer) e que permanece lá durante toda a noite; a maioria das pessoas tem várias fechaduras, portas grossas e tendem a ter tudo trancado; disse-nos que as pessoas não se juntam em praças, que não ficam em esplanadas porque se sentem demasiado expostas, inseguras e com medo de serem assaltadas, levadas por arrastões ou que sejam atingidas por balas perdidas. Em suma, disse-nos que todos estão constantemente com medo, sempre alerta mas nem se apercebem disso porque é o normal, a única coisa que conhecem.

Eu não tinha noção que lá era assim.
Disse-nos ela que tinha ficado muito admirada porque as pessoas cá não trancam as portas, só as batem (ou no máximo, trancam mas só com uma fechadura), que ficou espantada por ver os alunos a conviver nas esplanadas, a andar livremente pelo campus universitário, assim como o facto de estarem sentados nas praças, com as coisas pousadas ao seu lado sem grandes medos ou cuidados. Disse que era impossível fazer isso em S. Paulo, que ninguém ficava assim tão exposto durante mais de 5 minutos por lá, que as pessoas se sentem vulneráveis, passíveis de serem atacadas a qualquer momento.
Disse que se sentia segura, livre e que tinha saído dela um enorme peso psicológico, que deixou de olhar para trás, que deixou de estar sempre alerta. Diz que se sente livre por não ter que controlar sempre as horas para ir para casa (porque lá queria chegar a casa sempre antes de escurecer), que não se sente insegura pelo caminho, que não tem medo de o percorrer sozinha. Diz que nunca se tinha sentido assim.
E se isto poderia ocorrer somente por ser uma cidade mais afastada das confusões a verdade é que ela nos disse que fora a Lisboa passar uns dias, sozinha, e que tinha tido a mesma sensação: de segurança.

É impressionante ouvir isto na primeira pessoa. Nunca pensei que houvesse assim tantas diferenças.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Um dia vou querer lembrar-me disto


Aproximo-me para lhe dar um beijo de boa-noite, ele coloca ambas as mãos ao redor da minha face, puxa-me para ele, olha-me nos olhos e diz "nunca saias da minha vida".


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Saudade


Dizem que os amigos são a família que se escolhe, felizmente por vezes a família também são os amigos que não se escolheram.

Este fim-de-semana vai ser mais ou menos assim, só que não é com o R. é com o meu maninho. Voltou para o bem-dito dia da defesa nacional, que agora é obrigatório.


Quem ficou mais em pulgas do que eu foi a criança cá de casa que, ultimamente, sempre que se lembra do tio desata numa choradeira imensa e só acalma quando fala com o dito ao telefone.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Abandonar os estudos

Quando acabei o secundário tinha uma média razoável mas não consegui entrar na universidade que queria (2 décimas que me frustraram bastante) mas entrei em Coimbra (no curso que queria). Não fui. Não tinha dinheiro para me sustentar lá, os meus pais também não.
O meu pai ofereceu-se para emigrar de novo para me pagar os estudos mas eu não aceitei. Todos na minha família se insurgiram, muitos disseram que era porque queria uma desculpa para me juntar com o R., outros acharam que eu estava a ser estúpida e orgulhosa. Na realidade não aceitei porque o meu pai tinha recebido um diagnóstico pouco antes de voltar para Portugal de vez: mais 5 anos naquele trabalho e naquelas condições e ele seria muito provavelmente condenado a viver o resto da vida numa cadeira de rodas.

Por isso, a minha decisão prendeu-se entre o meu curso, o meu sonho e a grande probabilidade de ver o meu pai numa cadeira de rodas por minha culpa, para sempre.

Eu escolhi seguir a minha vida por outra via, não tinha futuro em casa dos meus pais e nada me prendia aquele lugar, juntei-me com o R., tínhamos planos para trabalhar, ganhar dinheiro e então investir na minha formação. Infelizmente a vida puxou-me o tapete e acabei dependente do R. durante um largo período de tempo. Felizmente entre a bolsa da DGES e as bolsas de mérito que tenho conseguido alcançar, tenho conseguido pelo menos suportar as despesas com a minha educação, com o meu curso. Mas não deixo de me sentir incompetente muitas vezes, de me sentir um fardo, um empecilho que não contribui. Adiante...

É com muito bons olhos que vejo esta iniciativa: "AMI cria fundos para ajudar estudantes a pagar propinas".

Acho que muitas pessoas encaram todos os estudantes como uns malandros que andam lá a passear e a gastar o dinheiro dos pais. Se os há? Sem dúvida (nunca tinha encontrado tantos como este ano...) mas a realidade é que há lá muitos a dar o litro também, preocupados com o que os pais andam a gastar com eles, alguns tentam trabalhar (nem todos conseguem trabalho), tentam poupar o mais que podem e muitos não sabem se poderão continuar ou não até finalizar os estudos, outros são obrigados a desistir.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A estudar para exames

Estou a ver um video no youtube onde aprofundam questões que não foram muito explicadas em aula.
De 12 minutos juro que uns 5 minutos são com:
-Yeah.
-Yeah.
-Yeah.
-Yeah.
....
(o link foi dado pela prof)


Adenda: Reparei agora que isto pode ser interpretado de várias formas...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

OLX

As maravilhas do olx:
O facto de uma pessoa conseguir encontrar uma peça para o carro a 80€ quando o orçamento para a mesma era de 300€, usada.
Ora ir a Guimarães e voltar terão sido uns 15€ com combustível e portagens incluídas. No final, já dizia o outro, "é só fazer as contas".

[Eles bem que me podiam começar a pagar pela publicidade que eu lhes faço :P ]

Do meu irmão

Tinha o meu irmão uns 2/3 aninhos quando a minha mãe, que já tinha tentado várias técnicas para retirar a chupeta ao rapaz, ouviu uma dica de alguém.

Portanto, certo dia, vai e coloca pimenta na chupeta do meu irmão. Sim, pimenta (posso dizer-vos que senti pena do meu irmão e achei aquilo uma péssima ideia?). Na realidade nenhuma de nós esperou ver o que se seguiu:

O meu irmão pega na chupeta e mete-a na boca. Faz cara feia mas não a mete fora, chucha durante mais algum tempo. Passado um bocado tira-a da boca, vira-se para a minha mãe e diz: "mais".