sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

SOS Toking

Durante a idade da parvalheira eu e a Susana éramos amigas, fomos muito próximas e sempre pude contar com ela. Foi das amizades mais sinceras que já tive na vida e ela foi, sem dúvida, das melhores pessoas que já conheci.

Já em escolas diferentes, com horários diferentes passamos a estar muito raramente juntas. Isto aconteceu num tempo em que ter saldo no telemóvel era uma coisa pouco frequente, chamadas ou mensagens gratuitas ainda eram um sonho bem distante e os telemóveis serviam-nos para pouco mais do que receber as chamadas dos nossos pais e o saldo estava reservado para as chamadas de emergência (para os mesmos).

Há uns 12 anos, num sábado, a Susana mandou-me um SOS Toking. Era a nossa forma de comunicar. Enviávamos SOS Tokings ou dávamos toques só para dizer que nos lembrávamos da outra, que estávamos lá apesar de não estarmos juntas. Quando o recebi pensei em responder mas estava a limpar a casa (e a minha mãe detestava ver-me com o telemóvel) e, depois, esqueci-me. Não lhe respondi.

Uma semana depois a Susana foi atropelada e nunca mais tive oportunidade de responder.

Haverá poucas coisas nesta vida que me terão perseguido durante tanto tempo como aquele Toking não respondido. Não me conseguia perdoar o facto de não lhe ter retribuído, o facto de me ter esquecido dela, o facto de ter perdido a última oportunidade de comunicar com ela.

Hoje ao ler um segredo no Shiuu lembrei-me dela, também eu nunca apaguei o número dela, ele desapareceu uma vez quando apanhei um vírus, uns bons anos depois.

2 comentários:

  1. Nem sequer consigo imaginar a sensação mas ela, de certeza, que sabia que não foi por mal.

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    1. Eu espero que sim :)
      Na realidade o que custou a lidar foi com a culpa de não lhe ter dito nada enquanto ela ainda poderia receber, enquanto ainda fazia diferença.

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