quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Em Paris

Vive e trabalha o meu primo (jornalista), mulher (jornalista) e filha de meses. Vivem 3 primos directos, 4 de segundo grau.

Eles estão bem mas isto é uma merda (e desculpem-me lá o termo mas é).
Não sabermos o que podemos encontrar quando saímos à rua é uma merda, não podermos ter opiniões é uma merda. Não saber aceitar umas caricaturas é uma merda e vir para a Europa, viver (muitas vezes) à custa dos estados europeus, ser aceite e ter a possibilidade de manter a sua identidade religiosa e cultura, no entanto, achar-se no direito de menosprezar a dos outros, achar-se no direito de obrigar os outros a seguir os ideais alheios, num país que não é o vosso é somente uma coisa: racismo! E se eu não gosto de ver o racismo praticado contra os emigrantes lamento mas acho exatamente o mesmo - nojento - quando esse racismo provém dos indivíduos alheios ao país para com o país que os acolhe.

Mandar-vos-ia para um belo sitio com um grande vontade, no entanto, neste momento só me apetece dizer: Não gostam da Europa? Não gostam de ideais europeus? Não gostam da liberdade de expressão??? Ide para a vossa terra, voltai para as condições que tinham se eram tão boas e se é tudo tão bom, voltem! Ide para lá ser extremistas, xenófobos e racistas! Alguém vos obriga a ficar? Mas ficando, era bom que alguém lhes fizesse ver que não estão acima da lei, que nenhuma lei se vergará para eles e que, ficando cá, os direitos serão tantos quantos os deveres e qualquer desrespeito deveria ser punido com a expulsão do país. Ponto. E, sendo feitas estas leis, já são feitas demasiado tarde.
(E, para ser mesmo ideal era que eles não tivessem o direito de fazer isto em lado nenhum, infelizmente, ainda vão tendo em muitos países).

Meus caros, não sejamos burros, pensam que os emigrantes (sejam eles quais forem) são bem tratados quando vão para os países alheios e não respeitam a cultura, a religião, os costumes? Não são. São convidados a sair. A Suiça prova-o com deportações perante emigrantes que não queiram trabalhar, com leis que não beneficiam os malandros e deportando emigrantes que cometam crimes graves. No entanto, estes grupos em particular tem vindo a conseguir que sejam alteradas leis (só em Inglaterra alteraram-se umas quantas), têm-se imiscuído na Europa, desprezam quem não segue os seus ideais e vão diariamente fazendo pressão em todos os outros, os que são de cá. Se a Europa, em vez de fazer vista grossa e alterar várias leis para dar direitos a quem não quer deveres, os obrigasse a respeitar os de cá talvez, só talvez, estas coisas, estes crimes não se estivessem a tornar assim tão comuns.

Hoje soube-se isto porque foi "extremo" mas há assassinatos e repressões constantes a quem não é ou não segue as ideologias destes extremistas.
Quem conhece pessoas em França e Inglaterra poderá comprovar que há locais onde não podem ir mulheres/raparigas sozinhas. Por exemplo, em Paris há ruas onde nenhuma rapariga se atreve a ir de dia, a menos que esteja acompanhada. Há bairros inteiros "fechados" onde quem não for muçulmano não será bem tratado. Há grupos que se juntam e violam raparigas que não usam a burka. Pois. Chamam p*** e outras coisas bonitas mesmo quando elas estão com roupa "largas", com calças de ganga mais justas e t-shirt as miúdas já nem se atrevem a passar perto desses locais... e dizem que essas mulheres querem que eles as violem (pois...! Então não...!). São vitimas de repressão, bullying, intimação pelo simples facto de não serem como eles.  Há relatos de estes grupos extremistas se meterem no metro em França, à noite, procurando vítimas para atacar. Pois, procuram os problemas, literalmente!
Há, neste momento em França, pelo menos um português, em coma, sem perspectiva de voltar a acordar bem (nunca voltará a ficar bem, nunca mais voltará a ser a pessoa que sempre foi) porque, numa saída à noite no metro em Paris, defendeu uma rapariga dum grupo destes - bateram-lhe quase até à morte. Eu conhecia-o. Quantos terão já morrido nas mãos destes extremistas e quantas histórias não ficam perdidas sem que ninguém as conte?
Na Suécia foram banidas as bandeiras SUECAS das escolas porque a bandeira era "ofensiva para alguns grupos" - mas viver na Suécia já não é ofensivo? Conviver com suecos? Viver com os direitos do país não é ofensivo para "esses grupos".

Sinceramente, para mim, estas pessoas, estes extremistas ou aprendem a ser gente ou podem ir ser animais para outros lado. Aprendam a respeitar os outros como os europeus vos têm respeitado. Pelo menos até agora. Se têm o direito de se tapar, os europeus têm o direito ao nudismo se lhes apetecer sem serem sujeitos ao vosso racismo e intolerância. Qualquer pessoa deveria ter o direito de se vestir como quer, de ter opinião, de ser ateu ou pertencer a qualquer religião sem ter medo de morrer por isso.


"A minha liberdade termina quando começa a do outro".
Ponto.
Gostam? Muito bem, totalmente bem-vindos.
Não gostam? Ide embora!
"

4 comentários:

  1. Subscrevo totalmente o que dizes. Eu infelizmente ainda não atingi foi a superioridade de não ser racista ou xenófona com ninguém. Ainda mudo de lado da estrada a ver certas pessoas e preferia que não estivessem cá mas isso não significa que as trate mal.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu acho que seria racista se nunca tivesse saído de Portugal. A minha avó costumava dizer-me coisas como " se não te portares bem vem o preto"... e por aí fora. Eu tinha medo das pessoas de cor. E, apesar duma das minhas melhores amigas na Suiça ser de cor, a primeira vez que fui a casa dela (com 5 irmãos rapazes, adolescentes na altura) eu tive imenso medo deles. Porque eu era preconceituosa e era-o porque fui ensinada assim. Só que entretanto a vida mudou, passei eu a ser a "estrangeira", a que vinha de fora, a que era diferente.
      Talvez se nunca tivesse sofrido racismo (porque há muitos nazis na Suiça, a maioria dos idosos suiços são extremamente preconceituosos), se nunca tivesse conhecido pessoas de cor, se nunca tivesse convivido com eles como "estrangeira" talvez também fosse. Não culpo quem o é mas não gosto de ver atitudes discriminatórias.

      Claro que não gosto dos que vêm para cá fazer mal ou dos que vêm com o propósito de não trabalhar (como não gosto de ver pessoas que já emigram de Portugal com a ideia que vão lá para fora para o Estado dos países que os acolhem os manterem), outra diferente é ver pessoas a ser discriminadas somente porque são de outra cor ou de outro país. Isso revolta-me e vejo isso muitas vezes. Por exemplo, um casal de ucranianos tem uma menina na escola do meu filho e eles são discriminados pela maioria das pessoas lá e eles são pessoas super civilizadas, muito bem-educados e simpáticos. Eu acho horrível vê-los a serem desprezados até porque se fossem portugueses isso não acontecia - só acontece mesmo porque não são de cá.

      E é isso que eu não gosto. Claro que eu não gosto de todos os emigrantes, como não gosto de todos os portugueses :) mas é pelas pessoas que são, pelas atitudes, não é por terem uma cor ou nacionalidade diferente.

      Eliminar
    2. É mesmo como dizes o meu pai cresceu na Damaia e isso levou a que se torna-se um pouco racista sempre ouvi dizer que podia arranjar qualquer rapaz desde que não fosse preto mas mesmo assim o pai percebe que não tem a ver com a cor. Nós tinhamos uma vizinha preta que era super amiga da família e eu brincava com os filhos dela e o meu pai dizia que ela não era preta. Ou seja os pretos eram pessoas que tinham atitudes menos corretas independentemente da cor da pele

      Eliminar
    3. Lá está as pessoas crescem e formam opiniões pelas suas vivências. Acho que o ambiente também conta muito. Lisboa e Porto são cidades com dinâmicas muito diferentes entre elas mas principalmente em comparação com cidades mais pequenas ou até com aldeias.
      Pessoalmente, tenho a sensação que os grupos mais "malandros", de pessoas que não querem trabalhar e de pessoas que vêm com ideia de ir pela via da criminalidade se foca mais nos grandes centros urbanos, o que também explica que as pessoas se tornem mais discriminadoras aí.
      Talvez também seja porque quem está perto dos grandes centros urbanos tem muitas vezes acesso a mais recursos, mais instituições de solidariedade, por outro lado, é onde há mais coisas para assaltar, mais pessoas, mais crimes e por aí fora.

      E mesmo entre Lisboa e Porto (pela minha, não muito vasta, experiência pessoal) parece-me que em Lisboa são mais agressivos e menos simpáticos os estrangeiros ou pessoas de cor com que uma pessoa se cruza.

      Eliminar