segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Limpezas e...

(quem estiver um bocadinho farto de ler coisas negativas aconselho que evite ler o que se segue...)

Há cerca de um ano atrás, dizia eu para os meus botões que poderia ser feliz como dona-de-casa, que adoraria uma vidinha como "fada do lar" e sem o stress constante que vivia então (eu bem lá no fundo sabia que estava a mentir a mim mesma e que jamais seria feliz como fada-do-lar-economicamente-dependente-do-esposo) ... mas uma mulher tem o direito a passar-se. Ora, se no ano passado andava nisso, este ano adoraria estar na fase stressante que estava no ano passado, de ter datas, prazos fixos, exames marcados, trabalhos a entregar, pesquisas a fazer... pelo menos assim teria menos tempo para pensar na vida.

Agora os dias passam, uns rapidamente, outros vagarosamente. Há dias em que não me apetece sair da cama, não me apetece encarar a vida, não me apetece ir ao e-mail para ler umas 10 respostas negativas - ou pior, não ter resposta alguma - não me apetece. Não me apetece porque sinto que não contribuo, que sou um fardo. Há dias que me sinto pequenina como um grão de areia, no meio de milhares de desempregados. Sem saber muito bem se o método mais eficaz será o "envio do e-mail" ou o "bater porta-a-porta". Qual será a forma mais difícil de me darem um não?! Eu tento as duas...

Enquanto tirava a licenciatura e, tendo eu um filho pequenino, era-me mais fácil encarar o desemprego. Era mais fácil justificá-lo para mim. Afinal quantas vezes me disseram "se tem filho pequeno e estuda, nem vale a pena deixar CV!" - eu sempre fui teimosa e insistente, por isso deixava, procurava, mandava e-mails e ia - ia aos sítios onde sabia que precisavam e ia a outros só para tentar a minha sorte ... a verdade é que nunca me chamaram... Depois, tomei como principal objectivo a bolsa de mérito, afinal se não podia pagar a universidade de uma forma, arranjaria forma de a pagar com o meu mérito e consegui a dita bolsa que cobriu todas as despesas.
Mas agora, agora é pior e muito mais difícil encarar o desemprego . O meu filho já não é um bebé, eu já não estudo e as respostas negativas acumulam-se e o desespero vai aumentando, a esperança vai desvanecendo e, a cada ano que passa, sinto que nada faço, que nada contribuo para a casa (e não que o meu marido me atire isso à cara - até pelo contrário - mas também  nem precisava porque eu faço isso a mim própria).
Já fiz tantos quilómetros, gastei tanto gás, tanto gasóleo, tanta sola para procurar trabalho... já visitei muitas zonas comerciais - de longe e perto - sem qualquer sucesso, já fui a tantos centros comerciais, mercados e mercadinhos, envio e-mails desenfreadamente e... nada. E vejo os anos a passar, eu sem experiência, eu sem oportunidades... afinal quando é que terei a experiência? Quando é que serei considerada ultrapassada por não ter experiência e passarei para a prateleira por ser "velha demais para não ter experiência"?!

E depois vem a outra frustração... não me aceitam para um qualquer posto de trabalho. Parece que tenho sarna. Lá porque tenho uma licenciatura não significa que não saiba descascar batatas, limpar o chão... não significa que não saiba fazê-los e muitos menos significa que não aceitaria esses trabalhos - então porque ninguém me chama, nem sequer para uma entrevista?

Ónix!!!


.....

A sorte é que isto não me dá muito "amiúde"e só, de vez em quando é que preciso de mandar isto para fora - diriam os antigos: mandar as más energias embora para entrarem as positivas

E, pronto, agora vou recolher os cacos e fazer-me à vida, que amanhã é um novo dia. Quem sabe se não é amanhã que me chamam, que me aceitam?! Parar é que não. Parar ? nunca!!!

2 comentários:

  1. Durante um bocado assustaste-me, pensei Oh meu deus ela está a desistir mas depois percebi que apesar de estares triste/ enraivecida com as circuanstâncias não vais desistir. Eu estarei deste lado para não te deixar desistir por mais dificil que seja mas eu também sei ser muito chata.

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    1. Obrigada milkadreams. É isso mesmo, revolta e raiva pela situação mas desistir não faz parte dos meus planos :D só que, por vezes, preciso de meter as coisas "para fora" para conseguir encarar o próximo dia mais leve e com outro entusiasmo.

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