sábado, 27 de dezembro de 2014

"Melhores amigas"

Estávamos no inicio do namoro e apresentei-o à minha melhor amiga.
Considerava-a como tal há 5 anos, confiava nela cegamente, jamais colocaria a palavra dela em causa. Ela sabia.
Ela também sabia que o meu pai nunca me deixava sair aos domingos de manhã porque era, para ele, dia do "almoço de família".


Ele já me tinha vindo a avisar sobre ela. Todas as vezes que discutimos no inicio do namoro foi por causa dela e nunca me passou pela cabeça colocá-lo a ele, ou ao que ele me dizia sobre ela, à frente dela e quem eu pensava que ela era. "Namorados há muitos, as amigas são para sempre" - pensava eu.
Até ao dia. Até ao dia em que o meu pai concordou deixar-me sair num domingo de manhã.

Estava eu a passar de carro pelo local onde ela trabalhava e recebi uma mensagem:
"Estou a ver o teu namorado com outra rapariga".
Pensei que ela me tivesse visto a passar, pensei que fosse uma brincadeira ou que ela me estivesse a avisar. Pensei responder-lhe "pois viste mas sou eu", no entanto, houve qualquer coisa que me soou estranho na mensagem. Decidi deixá-la continuar com a conversa e perguntei-lhe onde o tinha visto.

Foi então que se sucederam imensas mensagens enquanto ela me relatava que o estava a ver a tomar o pequeno-almoço com uma rapariga numa padaria, que pareciam íntimos, que se beijaram, que tinha a certeza que era ele porque tinha ido à casa-de-banho só para confirmar e que ele se tentara esconder para não ser reconhecido, etc etc etc.

Passámos a manhã nisto.
Dum lado a minha melhor amiga a jurar a pés juntos que o estava a ver com outra, do outro lado (literalmente) estava o meu namorado. Sentado. A conduzir. No primeiro e o único dia em que o meu pai me deixou sair de casa a um domingo de manhã.


Ela sabia que eu confiava na palavra dela. Sabia que eu jamais perdoaria uma traição.
Ela sabia que eu não perdoaria uma traição, sabia que estava a condenar a minha relação, que eu acreditaria sempre mais na palavra dela do que na dele: Ele era meu namorado há uns meses, ela minha melhor amiga há 5 anos.


Esse meu namorado é hoje o meu marido. O pai do meu filho. E a Figueira da Foz será sempre "O" nosso local. Foi graças àquela viagem que hoje estamos juntos, porque eu teria acreditado nela. Eu sei disso e ela também sabia.


Desde então nunca mais consegui chamar ninguém de "melhor amiga (o)" e nunca mais confiei cegamente em ninguém.

2 comentários:

  1. Estou farta de pensar nisto e não consigo compreender porque ela o fez? Qual era o objetivo??

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    1. Então ficaste como eu na altura...

      Ela disse-me uns tempos depois, quando veio pedir desculpas, que o fez por ciúme. Sinceramente eu acho que foi mais que isso. Acho que foi porque o namorado dela na altura queria que eu namorasse com um amigo dele (porque era "giro" se saíssemos os 4). Segundo o namorado dela eu passaria a gostar dele quando acabasse com o meu namorado e passasse a namorar o amigo dele - que era igualzinho a ele.
      Isto aconteceu umas semanas depois de eu ter conhecido o namorado dela, enquanto estávamos num bar os 5 (ele, o amigo, a minha "amiga" o R. e eu) e durante cerca de 1 hora o namorado dela e o amigo comentaram todas as raparigas que passaram por eles, olharam-nas de alto a baixo e assim que o meu namorado foi à casa de banho o "amigo" tentou meter-se comigo.
      Depois desse encontro eu disse à minha amiga o que achava do namorado dela, alertei-a para tudo o que tinha visto (e ela esteve lá quase sempre), assim como para o que se tinha passado quando não estava. E disse-lhe que dispensava novos encontros a 5, que eram o tipo de homem que eu quereria longe, a quem eu jamais daria a mínima confiança, quanto mais namorar. E disse-lhe que ela é que sabia da vida dela mas que não era o tipo de homens que eu quisesse para namorar e para ela ter cuidado.

      Em relação a ela acho que me via como alguém para manipular, alguém para ser amiga dela mas não o contrário. Por isso, acho que ela o fez para que eu acabasse com o R. (porque ela sabia que era isso que iria acontecer caso eu desconfiasse dele) e acho que ela acreditava mesmo que depois disso eu passaria a namorar com o amigo do namorado dela [coisa que jamais teria acontecido, nem que ele fosse o último homem à face da terra].
      Mas acho que ela acreditava ter o direito de tentar comandar e manipular a minha vida para beneficio da dela, em vez de pensar em mim ou no meu bem-estar.


      Daí eu ter demorado muito tempo a confiar em mulheres outra vez como amigas. Acreditar que era possível não serem falsas comigo ou quererem o meu bem-estar, tal como o que desejo aos meus amigos.

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