quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Voltei

De facto a vida não poderia ter dado muito mais voltas nestas últimas semanas. Já escrevi sobre isto aqui algumas vezes mas não consegui publicar e ainda bem que não o fiz mas preciso de expurgar um pouco esta situação.

Há umas semanas escrevi isto pensando que o problema tinha sido resolvido. Afinal não.
Na realidade fomos tratados como crianças, foi-nos dito que sim que tínhamos razão mas na realidade o meu pai não fazia intenção nenhuma de ajudar o meu irmão.
E como chegamos a esta conclusão? É que quando nos tínhamos apercebido da resistência dele em o ajudar começámos a procurar nos nossos conhecidos por uma oportunidade e ela surgiu na empresa do R. que precisa de um colaborador para Inglaterra. Conhecemos a empresa, conhecemos o patrão, o R. sabe como funciona a sucursal em Inglaterra, conhece quem lá trabalha, as condições (que são excelentes, melhores ainda que as do trabalho que o meu pai lhe poderia arranjar), os chefes, tudo. Ele não poderia ir para um local que melhor conhecêssemos ou que soubéssemos garantidamente que realmente não há perigo em ir para lá (o próprio R. passa lá quase todas as semanas) .
O problema? Pois o problema foi quando soubemos dessa oportunidade e lhes falámos da mesma. Se o meu irmão ficou em êxtase o meu pai não poderia ter tido uma reacção mais oposta. Caiu o Carmo e a Trindade. Não vou entrar em pormenores mas nunca em toda a minha vida pensei vê-lo a fazer o que fez, o meu pai, que sempre admirei, teve atitudes que jamais pensei que fosse capaz de ter.

O meu irmão achou que a oportunidade lhe tinha acabado de escapar das mãos quando viu o meu pai a fazer aquilo. Achou que ele nos impediria de o ajudar. Na realidade apesar de não querer ir contra o meu pai perante aquilo só me deu ainda mais vontade de ajudar o meu irmão. Acreditei que a minha relação com o meu pai não tivesse mais salvação mas parece que ele agora já está mais conformado. Até já brinca com a situação e diz que um dia destes também vai. Menos mal.

4 comentários:

  1. Acho um bocadinho assustador pessoas que pensamos conhecer tão bem nos consigam surpreender tanto (neste caso acho que foi uma surpresa má)

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    1. Sim Milka foi. Mas acredito que foi motivada simplesmente por se sentir impotente, por sentir que o "mais novo" lhe está a escapar entre os dedos. Tendo em conta que o meu irmão sempre afirmou que iria ficar em casa até aos 30 e que não pretendia sair (fugir) como eu fiz é "normal" que o nosso pai se sinta um pouco abalado e até surpreendido. Mas não justifica tudo. Depois há também o facto de parecer estar na crise da meia-idade, de tentar misturar-se no grupo de amigos do meu irmão ou até no do meu marido. O meu pai é divertido (por norma) e dá-se facilmente com jovens, costuma ter a mente aberta e sempre soube apoiar-nos e ajudar-nos quando precisávamos, dar-nos um raspanete quando merecíamos mas estava sempre lá e sempre o vi como justo e, quando não o era, sempre soube reconhecer e desfazer a situação. Ele sabia pedir desculpas tão bem quanto nos sabia meter na linha. Mas ultimamente tem tido comportamentos típicos de adolescente, de pessoa que quer um poder que não é seu de direito, de alguém que quer obrigar o filho a seguir exatamente o mesmo percurso que o seu, incluindo os erros, alguém que quer manter o filho ali para sempre, mesmo sendo "ali" um local sem quaisquer perspectivas de futuro. E esta é a parte que eu discordo e foi por isso que acredito que ele fez o que fez ao meu irmão quando viu que o poder lhe estava a escapar.

      Ele é humano e também erra. Agora espero que ele saiba reconhecer o erro e saiba pedir desculpas ao meu irmão.

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    2. Eu li-te como filha e tal como filha que sou sei que temos uma grande tendência para desculpar os pais mesmo que as vezes não mereçam a facilidade com que os desculpamos. Espero como tu que ele como pai e adulto mais experiente perceba que errou e se desculpe.

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    3. Pois. Somos um tanto assim mas também tenho que reconhecer que ele tem estado com outra atitude o que também ajuda a desculpá-lo. Sei que ainda não pediu desculpa directamente (acho que anda a ganhar coragem) mas está a fazer de tudo para que o P. consiga tirar a carta o quanto antes (ele precisa dela para ir). Por isso, o facto de lhe estar a facilitar a vida, o dispensar do trabalho e de o levar propositadamente às aulas parece-me a forma que ele arranjou para se redimir.

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